Pesquisar este blog

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 26 de maio de 2010

_______OUTONO POÉTICO_______

Estarão estendidas na raiz
Protegendo no peito aquele frio
E ao chegar correntezas destes rios
Das paisagens riscadas por um giz...

Tudo em branco daquilo que se quis
E lá fora lembrar longos fastios
Guardará destes versos o tardio
No calor deste dia, poema que fiz

E descendo tal fossem sentinelas
Como no ar borboletas amarelas
Tremulando num dia muito lindo!

Neste bosque do poema fico a sós
Sopra ao pé dos ouvidos uma voz
Lentamente as palavras vão caindo...

_________AL Ceccanho_________

=========O PACTO DOS AMANTES========

Como esquecer nossas bocas ardentes?
Palavras cúmplices sou testemunha
Quando o sussurro arrepia como unha
Como querendo atentar nossos dentes
.
Como esquecer nossos olhos carentes?
Como as noites que pousam nas grunhas
Guardam segredos do amor que se impunha
E se preenchem do quê se ressente
.
Neste destino se vão trajetórias
E se repartem aos meios enredos
São como folhas voando no vento...
.
Protagonistas daquela história,
Os nossos lábios que guardam segredos
Só não conseguem calar pensamentos
.
============AL Ceccanho==========
_________SEGREDO___________

O teu corpo é a chuva que se isola
Naquela nuvem presa ao vento andejo
E sendo espírito no meu desejo
Transpassas paredes, meu corpo rola

Trajada de insônia, à noite extrapolas...
Se por mim passas, finjo que não vejo
Esse andar cheio de malícia e gracejo
Teu rastro é fogo que ninguém controla

E se o todo é tormento repartido
Ó Tempo! Não sejas tu, tarde ou cedo
E nem esperes que eu seja contido

Se pecar é amar, pecarei o medo
Furtarei da carne o beijo mordido
Neste soneto chamado segredo

_________AL Ceccanho__________
___________AMANHÃ___________

Ao procurar o amor, nunca desistas,
E por mais esquisito que ele seja
Ainda assim valerá quem o deseja,
Poderá ele estar longe das vistas

E a beleza não ser as de revistas
Nem ser playboy que ao mundo lhe veleja
Esperando o sopro dado que o corteja,
Sobre o oceano o amor não deixa pistas

Nem ele andará nas órbitas de intrigas
Sob máscaras que ocultam a vergonha
Semeando nos jardins tantas urtigas

Se a tarde parecer-te mais tristonha
Atrás destas montanhas ao sol siga...
(O amor pertence àquele que o mais sonha).

____________AL Ceccanho_____________
_____________A ILHA_______________

E quando um grande amor se vai embora
Adormecemos numa distante ilha
Cada segundo dura alguma milha
O sentimento ali fica, ancora

E já nem percebemos vir d’aurora
Os olhos não enxergam maravilhas
Nem as flores que dão nestas forquilhas
Somos náufragos presos nas desoras

Mas neste tempo há uma saída
Solidão que nos leva a loucura
E ao mar lança-se em busca desta vida,

Pois a vida que o próprio amor nos toma
Procuramos no mesmo amor a cura
Para despertar dum profundo coma!

___________AL Ceccanho____________
___________CICATRIZ____________

A vida cisma deixar seus emblemas
Naquele tempo que saiu parida
Indesejada nasceu das feridas
contorcendo-se nas dores extremas

Quantos amantes tiveram problemas
Não suportando da dor, despedidas
Nesses bilhetes de adeus suicidas
Que não pode a alma secar seus edemas

Indesejada em qualquer dos espelhos
Sempre nos lembra o sinal do vermelho
No corpo e n’alma a marcar contratempos

Foi quando o pai por perder o seu filho
Que nasceu ela distante dos trilhos
E assim cresceu como a filha do tempo...

__________AL Ceccanho_____________
_______O CICLO_________

Um dia chegarei de mansinho
Tal brisa suave no rosto
Anunciando os brotos das flores
Que rompem o solo
No fim de agosto.
E tu me verás como primavera

Um dia chegarei à vontade
E serei andorinha, livre e solta
Levando versos transparentes
Escritos com amor e paixão
De significados quentes
Lembrando dezembro.
E tu me verás como verão

Um dia chegarei de repente
Num inesperado vento
Como alguém que veio de longe
Cansado e com fome
E aos seus pés, folhas de poemas
Secas e amareladas
Lembrando o fim de março.
E tu me verás como outono

Um dia não chegarei
E serei gélida ausência
Lembrando junho.
E tu me verás como inverno

Percebas então, que findou um ciclo
E que este corpo inerte
Com horas marcadas
Serão as cinzas esbranquiçadas
Um rito para liberar a alma
Num processo místico
E aquele corpo frio que tu viste
Nele habitava o espírito da neve
Num processo metafísico
De ebulição evolutiva
Há de liberar as suas cores
E o céu será o meu prisma
Então serei sete
E não mais quatro

Um dia chegarei rindo e eterno
E tu me verás como arco-íris.

________AL Ceccanho________